Ponta Grossa, PR
Fátima Ribeiro
"A mobilidade urbana tem sido cada vez mais discutida na cidade. Em 2010, divulgou-se que Ponta Grossa estava entre as 100 cidades brasileiras com a maior relação carro/habitante, com um carro para cada 2,3 moradores. A cada mês, aproximadamente 800 novos carros entravam em circulação na cidade.
Apesar da mobilidade urbana não se referir apenas ao trânsito para carros, a redução da circulação de carros na cidade é uma das medidas mais eficazes para a melhoria desta.
A frase “não se pode resolver um problema com a mesma mente que o criou”, atribuída a Einstein, ilustra bem a forma como a questão da mobilidade urbana tem sido considerada em Ponta Grossa: resolve-se o problema dos carros com mais carros, aumentando-se o fluxo de veículos nas ruas, através da retirada das áreas de estacionamento nas vias ou criando-se vias secundárias.
Não que isso também não seja necessário. Mas como o espaço urbano é finito, o número de veículos não pode aumentar indefinidamente. Necessita-se de medidas que estimulem o cidadão a deixar o carro em casa e utilizar o transporte coletivo ou o transporte não-motorizado, incluindo aí o caminhar.
Quais os argumentos utilizados pelos gestores para não adotar tais medidas? Por exemplo, “que todo mundo quer ter um carro e ninguém gosta de andar de ônibus”. Será? Então, por que na França, as pessoas deixam o carro em casa e vão trabalhar de ônibus ou de bicicleta? Será que o francês gosta de sofrer e pegar ônibus? Não, é que lá, as políticas públicas estimulam o transporte coletivo para que este seja de qualidade.
Aqui, transporte coletivo e bicicletas, são considerados meios de transporte de segunda categoria. É só ir até o Terminal Central e ver o estado em que este se encontra.
Será que se tivéssemos linhas de ônibus diferenciadas, como em Londrina, as pessoas não optariam por deixar o carro em casa e ir de ônibus? Um micro ônibus na rua significaria 20 carros a menos...
Outro argumento comumente utilizado por quem não está familiarizado com o assunto, é o de que Ponta Grossa não é favorável para a bicicleta. Então, alguém comunique isso aos milhares de trabalhadores que usam a bicicleta como meio de transporte. Esse é um mito que tem que acabar. Ponta Grossa tem relevo acidentado, porém não em toda a cidade. Existem várias regiões em que ciclovias/ciclofaixas poderiam ser construídas: Uvaranas, linhas férreas desativadas (como por exemplo a paralela à Visconde de Mauá) e vários outros locais.
Guarapuava e Irati têm ciclovias. Em Irati, estão sendo incorporados mais 3,68 quilômetros, fruto de convênio entre o município e o Ministério das Cidades, com investimento de R$ 478.210,41. A preocupação do prefeito Sergio Stoklos é que as pessoas que circulam a pé ou de bicicleta tenham segurança.
Mas aqui em Ponta Grossa, a situação deve mudar. Nós, do Movimento ProCicloviasPG, ficamos felizes em constatar que a discussão desse tema está se ampliando.
Mas o cerne da questão não está nas ciclovias. O que importa é que a próxima gestão aprove o Plano Diretor Participativo de Ponta Grossa, sem o qual ficaremos à mercê das prioridades dos gestores de plantão. Cabe à população reivindicar esse direito, participar na elaboração do Plano Diretor e fiscalizar a sua implementação."
Fátima Ribeiro é engenheira agrônoma e integrante do
Movimento ProCicloviasPG
Link para a matéria na edição online do jornal aqui.
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